sábado, março 04, 2006

O COIOTE E A LUA


O coiote uiva pra lua.
Quem me dirá a atração?

Talvez rosnasse para a rua
Mas preferiu a solidão.

Ou a multidão em festa
O tenha expulsado
Para o luar da floresta,
Longe do vale da ilusão,

O território conquistado
Pelos humanos...
Que guerreiam desbravando
Insanos há milhares de anos,
Festejando loucuras nas ruas.

Mas o coiote continua uivando
Monogâmico a luas e luas
Quem me dirá sua atração?

Enquanto o homem se perde nas ruas
A troco de nada, perda, poda e ilusão.
(Walter)28.11.2004

sexta-feira, março 03, 2006

ONDAS MONTANHESAS




Estive pensando...
Montanhas são como ondas enormes
Que se modificam com o passar das eras
A sombra das nuvens refletidas
Pelo brilho incontido do sol
Nuvens parecem barquinhos navegando
Perdidos em altas ondas
Deslizando nas encostas
Sumindo nas planícies
Para depois reaparecer
E subir até o topo
De outra montanha próxima.
Um dia eu cresci
E deixei de ver
As altas ondas montanhesas
Com seus barquinhos de nuvens
E fui ver o mar da Bahia
Sem altas ondas
Mas com barquinhos e procelas.
As nuvens só navegam no céu
E se perdem no horizonte
Deitadas no mar.

WalterBRios/ 7 de janeiro de 2005

Perfume na solidão

PERFUME NA SOLIDÃO

Às vezes dói, mas eu sei que tudo passa
Como se estivesse nas assas de um avião
Na reconstrução dos escombros está a graça
Às vezes incomoda, mas não subestimo a solidão.

Quando eu olho no céu lá fora
Vejo nuvens sombrias e carregadas
Mas depois somem e vão embora
Não sei pra onde são chamadas

Talvez para o mundo de alguém
Alguém que chame e aceite a escuridão
Que seu mundo confuso mantém
Entre a bondade e maldade, no meio da solidão.

Lutando com uns pensamentos
Sem a distância concreta, sem saber pra onde vai,
Perdido na multidão entre brumas de tormentos,
Na ladeira do ser o pensamento se esvai.

Eu me pergunto porquê... Como isso pode acontecer?
Eu também tenho minhas dúvidas
São muitas as questões no mundo do meu ser,
Tenho meus resgates e minhas dívidas,
Algumas coisas que eu não sei dizer

Mas eu olho os lírios no campo e as tulipas no jardim
Belas, frágeis e tenras, não perguntam porque existem,
Simplesmente embelezam sem pedir nem cobrar
Então neste momento eu não me perco, é só olhar...
Sentir a fragilidade e o perfume que exala no ar.

E eu pergunto... Há algo que eu possa dizer?
Se o mundo lhe cair cheio de flores, o que você vai fazer?
Vai chorar o que se perde ao redor de você?

É só olhar as flores que perfumam na solidão...

© by Walter

O Começo

Dizem que comer e coçar é só começar é só começar, mas entre a ação e a indigestão há sempre a indecisão e é isso que atrasa todo o processo, principalmente quando é hora de dar o primeiro passo e nessa hora me sinto como um bebê forçado a dar o primeiro passo maravilhado diante de tanta probabilidade que vê no caminho que descortina.
Nasce assim o somiguinho, sozinho, mas em boa solidão, naquelas horas que a gente sempre tem uma boa idéia. Nasceu de pronto quando recebi um email da amiga Mara Coeli anunciando a criação do seu comiguinho, criado em companhia de sua filha, então já que a minha companhia é a solidão, somiguinho pra vocês! Espero que gostem do que irei postar.